Monday, August 29, 2011

I am Nujood, Age 10 and Divorced (Nujood Ali with Delphine Minoui)


''Talvez Nujood ainda não tenha se dado conta, mas acabou de quebrar um tabu. A notícia do seu divórcio se espalhou pelo mundo, relatada por vários jornais internacionais, pondo um fim ao silêncio que encobre uma prática que, infelizmente, é bem comum em vários países: Afeganistão, Egito, Índia, Iran, Mali, Paquistão... Se sua história nos toca assim tão profundamente, é também porque nos faz olhar para dentro de nós mesmos. No Ocidente, é moda instintivamente lamentar o destino das mulheres Islâmicas, porém violência doméstica e a prática de casamentos arranjados para crianças não é uma realidade restrita apenas ao mundo Islâmico.'' (pag. 172)


Nascida na província de Hajja no interior do Yêmen, Nujood nem mesmo sabia a idade que tinha - 7, 8, 9 anos de idade? - quando o pai arranjou seu casamento com um homem quase 30 anos mais velho. Acordo feito, e em menos de 2 semanas, Nujood ainda uma criança, nem sequer menstruando, já era uma mulher casada. O novo marido a separa da família, mudam para o interior, onde é humilhada, maltratada, e espancada pelo marido.

''Minha mãe teve dezesseis filhos. Para ela, cada gravidez foi um grande desafio. Ela sofreu em silêncio por três abortos espontâneos, e perdeu um dos bebês durante o parto. E por que não havia médicos, quatro  dos meus irmãos, que nunca cheguei a conhecer, morreram por doença entre as idades de dois meses e quatro anos.'' (pag. 24)

O desejo de ter a infância perdida de volta, e a saudade da família, incentivaram  Nujood a emplorar ao marido que a levasse de volta à cidade de seus pais por um certo período, e foi durante esse período de alívio que Nujood tomou coragem para fugir de casa em busca de ajuda. A única informação que tinha era a de que precisava encontrar um juiz e informar que queria um divórcio. Divórcio. Nujood nem sabia o que a palavra significava na verdade, mas de acordo com o que foi informada, divórcio a livraria do casamento que nunca desejou, e do homem que a estuprava e espancava diariamente. Divórcio. E é assim que a história começa.

Nem consigo resumir em palavras o sofrimento da história de Nujood. O livro é narrado por ela, e foi escrito por Delphine Minoui, jornalista do Oriente Médio correspondente para o jornal francês Le Figaro, que acompanhou de perto o caso de Nujood e a conheceu dois meses após o divórcio.

A história de Nujood não é a primeira e nem será a última, sua vida é semelhante à de milhares de outras meninas no Yêmen, Afeganistão, Paquistão e por aí vai, mas a história de Nujood traz esperança, traz uma luz no fim do túnel para tantas outras meninas que sofrem com o mesmo destino. Com a ajuda de advogados locais - que mesmo dividindo a mesma cultura, ficaram impactados e chocados que a história dessa criança, e decidiram abraçar sua causa - e da imprensa, Nujood consegue sua liberdade, e vai além... passa a inspirar muitas outras jovens a também buscar uma saída.

''Nesse país da península Árabe, onde o casamento de crianças é comum, e tem base em tradições que, a princípio, pareciam não ter como por um fim, esse ato inacreditável de bravura [de Nujood] tem encorajado outras pequenas vozes.'' (pag. 171)

Nujood foi a primeira jovem a conseguir um divórcio no Yêmen, aos 10 anos de idade. E foi eleita ''A mulher do ano'' em 2008 pela revista Glamour (reportagem em inglês aqui), e teve sua história relatada em jornais como The New York Times (reportagem em inglês aqui), Los Angeles Times (reportagem em inglês aqui), e na revista Time (reportagem em inglês aqui).

Saturday, August 27, 2011

Poema de Sábado

Soneto de Londres

Que angústia estar sozinho na tristeza
E na prece! que angústia estar sozinho
Imensamente, na inocência! acesa
A noite, em brancas trevas o caminho

Da vida, e a solidão do burburinho
Unindo as almas frias à beleza
Da neve vã; oh, tristemente assim
O sonho, neve pele natureza!

Irremediável, muito irremediável
Tanto como essa torre medieval
Cruel, pura, insensível, inefável

Torre; que angústia estar sozinho! ó alma
Que ideal perfume, que fatal
Torpor te despetala a flor do céu?

Londres, 1939

Vinícius de Moraes, Livros de Sonetos,
pag. 29 

Saturday, August 20, 2011

Poema de Sábado

Soneto já antigo

Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás de
Dizer aos meus amigos aí de Londres,
Embora não o sintas, que tu escondes
A grande dor da minha morte. Irás de

Londres p'ra York, onde nascestes (dizes...
Que eu nada que tu digas acredito),
Contar àquele pobre rapazito
Que me deu tantas horas tão felizes

Embora não o saibas, que morri...
Mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
Nada se importará... Depois vai dar

A notícia estranha a Cecily
Que acreditava que eu seria grande...
Raios partam a vida e que lá ande!

Fernando Pessoa - Ricardo Reis
Mensagem, pag. 136 

Saturday, August 13, 2011

Poema de Sábado

Soneto de Florença

Florença... que serenidade imensa
Nos teus campos remotos, de onde surgem
Em tons de terracota e de ferrugem
Torres, cúpulas, claustros: renascença

Das coisas que passaram mas que urgem...
Como em teu seio pareceu-me densa
A selva oscura onde silêncios rugem

Que tristes sombras nos teus céus toscanos
Onde, em meu crime e meu remorso humanos
Julguei ver, na colina apascentada

Na forma de um cipreste impressionante
O grande vulto secular de Dante
Carpindo a morte da mulher amada...

Vinícius de Moraes, Livro de Sonetos

Tuesday, August 9, 2011

The Portrait of a Lady (Henry James)

O mais engraçado é que eu demorei mais de dois anos para ler The Portrait of a Lady - O retrato de uma Senhora, em português - desde o dia que comprei o livro... quando terminei de ler Something Borrowed, após 3 livros contemporâneos, bateu uma saudadezinha dos clássicos e foi quando eu, tentando escolher o próximo livro bisbilhotando minha estante, bati o olho em Henry James... Exatamente no período que comecei a preparar minha viagem de férias pela Europa.

A nossa heroína Isabel Archer recebeu convite da tia, Sra. Touchett, para passar uma temporada com ela em sua residência em Florença, Itália. No entanto, a tia é casada com o Sr. Touchett, americano proprietário de um banco em Londres. Antes de desembarcar na Itália, Isabel, que quando criança quando os pais eram vivos, costumava visitar apenas as redondezas da sociedade Nova Iorquina e algumas poucas vezes pisado em Paris, agora se vê diante de um mundo de oportunidades.

Londres
Isabel Archer é descrita como uma jovem independente, de mente ativa e brilhante e modos refinados, inteligente e com sede por sabedoria, que após a morte do pai, viu-se renegada a uma vida simples, com sociedade limitada devido aos erros financeiros do patriarca da família. Isabel cativa seus amigos próximos, e encanta aqueles que acabaram de conhecê-la.

Poucos dias após a chegada a Gardencourt, residência da família Touchett in Londres, Isabel tem a certeza de ter conquistado admiração do tio Sr. Touchett, e do primo Ralph Touchett para sempre. O que ela não contava é que o milionário Lord Warburton, melhor amigo de Ralph, encantado pela nossa heroína, a pediria em casamento depois de encontrá-la apenas duas vezes na vida. Isabel recusa o Lord não apenas porque já havia deixado o Sr. Goodwood esperançoso por um sim na América, mas porque Isabel busca a liberdade, a independência, ela quer conhecer o mundo, aprender, sem ter a obrigação de voltar.

Esse é o impacto causado por nossa protagonista, e embora eu queira muito contar os detalhes da história, o que me marcou mesmo nesse livro foi o fato de eu ter me identificado tanto com as aventuras de Isabel, do momento em que ela partiu da América, ao momento que ela chegou em Londres e aos outros destinos mencionados na história, suas expectativas, os desejos, a vontade de conhecer, visitar, testemunhar.

E daí ela parte para Florença com a tia e Ralph, após o falecimento do Sr. Touchett,  sua situação é totalmente diferente. O tio Sr. Touchett, persuadido por Ralph, deixa uma grande fortuna de herança a sobrinha. Isabel agora é uma mulher rica, o que a impedia de conhecer novos horizontes era a falta de fortuna, com esse fator resolvido, Isabel tem o mundo a sua espera e ela está mais que disposta a fazer jus ao seu novo título.

Florença
Pouco tempo após sua chegada a Florença, Madame Merle a apresenta ao excêntrico Sr. Osmond. Aquele que não tem fortuna mas guarda em si 'a maior das qualidades', o conhecimento, a sabedoria. Sr. Osmond não tinha o menor interesse em conhecer Isabel, mas foi persuadido por Madame Merle a conhecer essa moça inteligente que acabou de receber uma enorme herança.

Sem dúvida Sr. Osmond deixou uma marca em Isabel, havia algo naquele homem que o diferenciava de todos os outros, ele era simples mas isso não o desmerecia, e ele tinha orgulho disso. Isabel sentia que havia mais que admiração em Osmond, havia algo que a atraía a ele e vice-versa, mas Osmond não a pediu pra ficar, e ainda a incentivou a conhecer o mundo... voa passarinho, voa e conhece, se tiver que ser, para cá voltarás.

Isabel parte em direção ao desconhecido, passeia encantada pelas ruas de Paris, perambula feliz pelas ruas de Londres, admira história pelas ruas de Roma, por vezes acompanhada do primo Ralph, outras pela amiga feminista Henrietta. Isabel chega até o Marrocos dessa vez com Madame Merle. Delícia!
Paris

Mas no final das contas, Isabel volta, e volta decidida a casar com Sr. Osmond, aquele que nunca a quis prender, que a ama e a merece. Isabel sabe que pode ser e fazer mais por Pansy, a filha do Sr. Osmond. E então eles casam. Contra todos, menos Madame Merle. As máscaras caem em pouco tempo, e Isabel que tanto buscava a liberdade, percebe que aquele a quem ela julgou o melhor dos homens, nada mais era que um vulgar, em busca da sua fortuna.

''Ele não deseja que ela fosse estúpida. Muito pelo contrário, foi exatamente porque ela era inteligente que ela o agradou. Mas ele desejava que o conhecimento dela trabalhasse ao seu favor, e por acreditar que os pensamentos dela fossem abertos também pensou que seriam receptivos às suas idéias. Ele havia desejado que sua esposa sentisse como ele, acreditasse em suas opiniões, suas ambições, e preferências; e Isabel se fez acreditar que até que isso não lhe parecia insolência vindo de um homem tão realizado e de um marido, que a princípio, parecia tão carinhoso.'' (pag. 439)

Como mencionou Stephen Koch, ''The Portrait of a Lady é um romance sobre sonhos que não se tornam reais. É uma meditação sobre desejos e esperanças, em sucesso e fracasso, sobre o que a vida pode fazer para uma jovem intensa, cheia de imaginação do século XIX, que tinha quase tudo e quase todas as razões para acreditar que seus anseios seriam realizados.''

Roma
Através de Isabel Archer o leitor testemunha o desabrochar, os encontros e desencontros, as mudanças, as esperanças, as ilusões, o fracasso, e o resultado dessa mistura toda na vida de Isabel e daqueles em seu círculo. O que se passa pela mente de Isabel quando ela percebe que realmente foi enganada por aquele a quem ela julgava o mais elevado dos homens? Como não deixar transparecer para aqueles que foram contra o casamento que no final das contas, eles estavam certos? Como consertar? Eu fiquei surpresa com a decisão de Isabel no final da história, não sei se eu teria a mesma coragem... mas de uma coisa eu tenho certeza, coragem eu teria de visitar novamente cada um dos lugares mencionados na história.... ai, ai delícia!

Sunday, August 7, 2011

The Girl with the Dragon Tattoo

Gente!!
Finalmente estou de volta, e blogando!
Saudades do meu blog! E cá venho porque tenho novidades.
Esse final de semana vi pela primeira vez o trailer da versão americana do ''The girl with the dragon tattoo'', acho que eles lançaram a pouquíssimo tempo porque tenho assistido todos os lançamentos dessas últimas 2 semanas e hoje foi a primeira vez que eles mostraram o trailer.... e eu amei! Nem consegui me conter direito no cinema, comecei a aplaudir rs.

O filme vai ser lançado no Natal de 2011 aqui nos Estados Unidos, já tô roendo as unhas de curiosidade, e como não poderia deixar passar, vim aqui correndo pra compartilhar com vocês... olha o trailer aí:

Saturday, August 6, 2011

Poema de Sábado


Rekindle 
Reacender


Why don’t we meet up in Paris?

Porque não marcamos um encontro em Paris? 

Rekindle romance once again,

Reacender o romance mais uma vez, 
Let’s stand side by side,
Caminharemos lado a lado, 
In the moonlight,
Sob a luz da lua 
Sail away on a boat on the Seine,
Navegar pelo Sena num barco, 

They say it’s romantic in Paris,
Eles dizem que é romântico em Paris, 
I wonder if that’s really true,
Pergunto-me se isso é realmente verdade, 
Is it something to do with the weather?
Seria por cause do tempo? 
Or something,
Ou algo assim, 
To do with the view?
Por causa da paisagem? 

Why don’t we meet up in Paris?
Porque não marcamos um encontro em Paris? 
Take a train, a boat or a plane,
Pegar um trem, um barco ou um avião, 
Make our way to the streets,
Perambular pelas ruas, 
Of Montmartre,
de Montmartre, 
Rekindle the flame once again.
Reacender a chama mais uma vez.

Linda Harnett, contemporary poet
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